Se acompanharmos o curso da saúde pública no Brasil para entendermos a sua evolução, é preciso sabedoria para compreender que melhorias exigem disciplina, trabalho continuado e investimentos. Mas é inevitável o recuo ao Primeiro Reinado, quando as assistências e os serviços se limitavam ao uso dos recursos disponíveis na natureza — essência, óleos, ervas e raízes. O conhecimento empírico era um referencial tão seguro que convertia curandeiros em doutores respeitados por realezas.
Contudo, por ser uma espécie sedenta de novo, o homem tornou-se um ser incansável na busca de novos horizontes, e foi essa ambição, aliada ao insaciável desejo de romper barreiras e ultrapassar o empírico, que, no Segundo Reinado, garantiu progressos admiráveis: a saúde já se expandia de atribuições sanitárias nas juntas municipais, do controle de navios à saúde dos portos.
O que não mudou foi a histórica carência de profissionais, pois, tanto no Brasil Colônia quanto no Brasil Império, médico era uma exclusividade da Família Real. Esse fato estimulou, assim, a proliferação dos boticários — farmacêuticos que faziam desde partos a cirurgias de emergência.
Infelizmente, a situação de muitos que dependem do Poder Público para cuidar desse bem precioso se agrava a cada dia, e a vida se torna uma trajetória de dor, sofrimento e morte. Morte que passa a ser rotina no dia a dia daqueles que apenas observam a angústia e a tristeza e desviam o olhar com apatia, como se o outro não fosse humano.
Os problemas são tantos que a saúde pública chegou ao seu limite. E é imperativo disparar o alarme do humano para que ele desperte a consciência de que saúde, por menor que seja o problema, deve ser um ato de emergência e fraternidade, é a essência que purifica corações, abre os olhos para a vida, auxiliando-nos a notar o outro como semelhante e a nos sensibilizar com a sua dor, o seu problema, a sua vida. Pois o florescer do espírito fraternal desperta o afeto pelo outro, impulsionando o homem a ambicionar a edificação de um mundo melhor e impedir o extermínio da esperança.
Para isso, é necessário esgotar o excesso de toxina que atingiu o ícone do homem, o coração, que bombeia cada vez mais forte, espargindo esse veneno para um ponto que atinge a essência genuína do humano: a alma. E, quando se atinge esse ponto, o veneno adquire poder devastador: assassina a razão, sufoca a consciência e converte muitos em feras, que destroem sonhos, pessoas e vidas e vão deixando uma trilha de aversão e miséria numa velocidade espantosa. Isso vem transformando o planeta num universo de labirintos sangrentos, onde cada um se resguarda no próprio mundo para não se tornar uma vítima do mal do século: a violência.
Fonte de pesquisa:construirnoticias.com.br
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